sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

ESTUDO DE CASO


A ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DOS MARINES


Os marines, homens e mulheres do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (United States Marine Corps) consideram-se uma organização militar singular. Alguns estudos sobre os marines concluem que o mundo dos negócios tem muito a aprender com eles. Muitos executivos americanos, que foram marines, confirmam essa crença. Liderança e persuasão, em lugar de chefia autocrática, estão entre seus principais valores.
Os marines delegam autoridade de decisão aos níveis inferiores, e, ao mesmo tempo, preservam uma estrutura organizacional simples, para que todos consigam administrar suas tarefas. Há seis níveis hierárquicos entre o soldado de infantaria e o coronel que comanda um regimento. No entanto, quando a ação começa, a hierarquia entra em colapso, para ser substituída por um sistema situacional. Em todos os níveis, os marines podem tomar decisões sem consultar a cadeia de comando. Até mesmo os soldados sabem que devem tomar a iniciativa necessária para completar uma missão.
Para poder delegar decisões críticas de combate aos níveis inferiores, os marines dão muita atenção às habilidades das pessoas que recebem essa responsabilidade. Seleção e treinamento estão entre as prioridades mais altas. A melhor oportunidade de carreira para um oficial – o posto mais difícil de conseguir, e que, certamente, poderá levá-lo ao topo – é selecionar e treinar novos marines.
A primeira experiência de um candidato a oficial dos marines (a menos que seja oficial da Marinha americana) é a Escola de Candidatos a Oficial (OCS, Officer Candidate School) . "Escola" é eufemismo, já que a OCS não ensina nada a suas "vítimas". Seu papel é fazer passar pela peneira aqueles que não têm o estofo certo. Basicamente, a escola consiste de uma entrevista de emprego. A entrevista dura 10 semanas de 7 dias de 24 horas. O comandante da escola acha ridículo gastar esse tempo para avaliar um gerente em potencial. "É insuficiente", disse ele em tom de brincadeira.
Os candidatos passam por muitos desafios físicos e acadêmicos na OCS. A qualidade mais observada, no entanto, é aquilo a que os marines chamam constante e, quase casualmente, de liderança. "Não tem definição", diz o comandante da escola. "Nosso trabalho é reconhecê-la".
Seja qual for o significado, a OCS coloca a liderança em evidência, submetendo os candidatos a uma série de problemas práticos. Um dos exercícios consiste em levar um camarada ferido, atravessando um campo minado, com o uso de cordas e tábuas. Em outro exercício, têm que escalar uma parede aparentemente insuperável. Enquanto os candidatos se esfolam, os instrutores observam, sem nenhum sinal de emoção.
A solução do problema em si não conta muito. O comandante da escola pergunta, para exemplificar as habilidades realmente procuradas:
- - Quem assume o comando? Quem pede sugestões aos outros? Quem reconhece que um plano falhou e recomeça tudo?
1[1] Baseado em Corps Values, matéria de David H. Freedman. Inc., April 1998, p. 54-66. Consulte também www.inc.com/incmagazine/archives/04980541.html
Quando a fumaça se dissipa, cerca de 25% dos candidatos são eliminados. Os aprovados vão para a Escola Básica, um curso de seis meses destinado a transformar tenentes em oficiais dos marines. A escola distingue-se de outras instituições de treinamento por preferir desenvolver a liderança, em vez de ensinar habilidades específicas. Sua filosofia é treinar alunos para saber como funciona a organização, e entender e motivar pessoas. A metodologia é expor os alunos à maior quantidade possível de cenários, para que o cérebro aprenda a reconhecer padrões que possa aplicar a situações novas.
Tomar decisões com informações insuficientes, sabendo que vidas estão em risco, é muito desconfortável. A indecisão, no entanto, é considerada fatal. É pior do que tomar uma decisão medíocre. O compromisso dos marines com a decisão tem raízes em sua missão de 200 anos: uma tropa de assalto rápido não perdoa os estilos gerenciais autocráticos e burocráticos. Para realizar uma missão, os marines definem um "estado final". O estado final é um objetivo razoável e mensurável, que define as capacidades do grupo e seu entendimento dos obstáculos. O estado final é um conceito crítico, porque, via de regra, os marines não fornecem detalhes a seus subordinados. Eles apenas dizem qual é a situação agora e como querem que termine, deixando os detalhes da ação aos executores. A razão para isso é o desdobramento rápido dos eventos no tipo de ambiente em que os marines trabalham. Os meios particulares para realizar uma tarefa podem tornar-se inviáveis de repente. Se, no entanto, o objetivo for bem compreendido, os meios são indiferentes.
Uma vez escolhido o estado final, o grupo propõe três cursos de ação para o comandante, que tem a prerrogativa da última decisão. No entanto, o desacordo é não apenas permitido, mas praticamente exigido. Esse é o pensamento padrão dos marines: homens e mulheres, soldados e oficiais, todos devem manifestar suas dúvidas a respeito de decisões e ordens questionáveis. Um dos maiores erros que um oficial pode cometer é ignorar esse questionamento.
O treinamento para decidir inclui visitas aos escritórios de investimento em Wall Street, onde se aprende a tomar decisões com base em informações produzidas por bancadas de monitores. Esse pode ser exatamente o cenário em que os oficiais enfrentarão no futuro.
Outra idéia que vem sendo discutida é a prática, da Segunda Guerra Mundial, de recrutar gerentes civis e promovê-los a coronéis. Os marines admitem que o mundo exterior tem competências e soluções gerenciais que atendem a suas necessidades. Afinal, há pelo menos um ponto em comum entre os marines e o mundo dos negócios: competição dura.
Questões
1. 1. Que similaridades e diferenças existem entre a corporação descrita neste estudo de caso e uma empresa?
2. 2. Em sua opinião, é válido comparar a filosofia de administração de uma organização de combate com uma organização de negócios?
3. 3. Você acha que seria possível utilizar, em uma empresa, os métodos de seleção e treinamento de executivos dos marines? Quais suas sugestões para colocar essa idéia em prática?
4. 4. As organizações militares são cercadas pelo mito da hierarquia, segundo o qual as ordens não podem ser questionadas pelos

subordinados. Quais são, em sua opinião, as vantagens e desvantagens de estimular o espírito crítico e o questionamento das decisões nas organizações?
5. 5. Algumas pessoas argumentam que a disciplina, nas organizações militares convencionais, não é verdadeiramente disciplina. Trata-se apenas de obediência cega. Em sua opinião, disciplina é diferente de obediência?
( do livro TGA de Maximiano)
QUESTÕES
1. Q ue similaridade e diferenças existem entre a corporação descrita neste estudo de caso e uma empresa?
2. Você acha que seria possível utilizar, em uma emrpresa, os médotos de seleção e treinamento de executivos dos marines? Quais suas sugestões para colocar essa idéia em prática?
3. As organizações militares são cercadas pelo mito da hierarquia, segundo o qual as ordens não podem ser questionadas pelos subordinados. Quais são, em opinião, as vantagens e desvantagens de estimular o espírito crítico e o questionamento das decisões nas organizações?

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